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by ZÉ MIGUEL WISNIK

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1.
sei que eu já não presto mais nenhuma atenção e a vida passa ultrapassa os limites da razão e tudo já era é incrível mas o mundo é uma fera indizível eu sei que estou louco por você, e como não? só você apaga com suas luzes minha grande escuridão mas se você some é impossível eu não passo de um homem invisível eu sei que estou morto de saudade e solidão mas se no meu canto ouço seu canto que me leva ao coração e toda distância é possível é pra dentro que ela avança indivisível
2.
quem me diz da estrada que não cabe onde termina da luz que cega quando te ilumina da pergunta que emudece o coração? quantas são as dores e alegrias de uma vida jogadas na explosão de tantas vidas vezes tudo o que não cabe no querer? vai saber se olhando bem no rosto do impossível o véu o vento o alvo invisível se desvenda o que nos une ainda assim a gente é feito pra acabar a gente é feito pra dizer (que sim) a gente é feito pra caber (no mar) e isso nunca vai ter fim
3.
antes da primeira nota que eu toquei no meu piano antes do primeiro fole vir soando na sanfona antes de escutar o som do mar antes de ouvir o coração antes do sal e antes do vento a farfalhar no coqueiral lá no coqueiral já havia o som de alguma voz a me chamar no som de uma palavra e palavras sem palavras a chamar pelas palavras um canto sem fim num sem lugar bem no lugar do nosso amor e havia o mar e havia o vento a farfalhar no coqueiral lá no coqueiral já no coqueiral
4.
foi da noite pro dia o chão e o céu foi da água pro vinho o pão e o mel foi o sal da saliva num beijo que se deu mão e luva, sol e chuva, dom e dilúvio de deus também foi deserto e dor, tu e eu foi flagelo de luta e amor, coliseus e a escada rolando na noite de babel nos levava de novo na estrada que o amor escolheu foi assim é assim quase assim fio de areia muito mais temporais guerra e paz lua cheia já deu tempo de se lembrar, de esquecer de partir, de chegar, de ter de querer de cair nos caminhos sem fundo e se perder e do barro amassado o jarro do amor refazer de tudo se complicar, de sofrer tempo do mundo se acabar, ou nascer mas ao longo do tempo tão curto de viver tão curtida a vida pra sempre servir a você foi assim é assim quase assim fio de areia muito mais temporais guerra e paz lua cheia
5.
‘té que foi tão bom fugir e te esquecer não saber mais nem notícia de você com a tristeza consegui me entender com a saudade conviver e com a dor não me doer mas aos poucos tive que reconhecer que a tristeza não parava de crescer tomou conta da cidade e do país tudo que é melancolia dizem que fui eu que fiz é só chorar em palmas, teresina ou jequié já vão avisar que a origem é a tristeza lá do zé já não quero nem lembrar que te esqueci não sabia que a tristeza era assim que ela segue seu caminho até sem mim não tem pouso nem tem fim se deixar vai invadir evitar de se espalhar bem que tentei mas também não é só comigo, eu reparei a tristeza é todo mundo e é de ninguém a tristeza ‘tá no fundo da tristeza eu sou o rei chorar chorar no crato, em cachoeiro e macaé já vão avisar que a origem é a tristeza lá do zé já não quero nem lembrar que te esqueci não sabia que a tristeza era assim que ela segue seu caminho até sem mim não tem pouso nem tem fim se deixar vai invadir evitar de se espalhar bem que tentei mas também não é só comigo, eu reparei a tristeza é todo mundo e é de ninguém a tristeza ‘tá no fundo da tristeza eu sou o rei então valeu brasília diamantina e taubaté canção leva eu vem nas asas da tristeza quem quiser matão belém são paulo maringá chuí bagé canção leva eu vem nas asas da tristeza quem quiser vem nas asas da tristeza quem quiser vem nas asas da tristeza azul do zé
6.
nossa canção guarda canções diversas minha ilusão tua emoção mil dimensões imersas outras virão buscando a luz de cais em cais naus sobre naus espessas pois as canções só são canções quando não são promessas nessa canção cabem canções dispersas minha razão teu coração mil sensações avessas outras virão de encontro a nós de voz em voz de par em par esparsas pois as canções só são canções quando não são mais nossas
7.
uma onda pode vir do céu, imponderável como as nuvens, e cair no dia feito um véu ou a tampa de um ataúde. e nada impede que se afundem neo-atlânticas e arranha-céus ou que nossas cidades-luzes submersas se tornem mausoléus. em arquipélagos, os ilhéus pisarão ruínas ao lume do mar, maravilhados e incréus e devotados a insolúveis questões, espuma, areia, fúteis e ardentes caminhadas ao léu.
8.
vem, me diz se a lua atrás daquela nuvem quis riscar um círculo de chumbo e giz pra me maltratar e se o mar batendo assim no breu se trai querendo copular com o céu fantasmagórica ilusão cruel a debochar de mim será então que vou sem paz e sem perdão no labirinto de tormentos vão onde sobramos eu e deus? vem, diz mais se a noite esconde o estrago que me faz no próprio peito a martelar tenaz por um mal maior e se o amor se dando a mim total só quer morder meu coração mortal fantasmagórica ilusão real a debochar de mim será então que sou sem paz e sem perdão no labirinto de tormentos vão onde sobramos eu e deus? vem, me diz vem, me diz vem
9.
CANÇÃO NECESSÁRIA já sei que vacilei mil vezes relutei em te dizer o quanto cantarolei baixinho frases sibilinas quase irreais lancei meias palavras em que eu evitava o que queria tanto mas no que eu sussurrava havia fogo e lava prometendo mais querendo muito mais querendo o teu regaço que num minuto sem igual você me lesse não me esquecesse adivinhasse enfim não desistisse mais de mim e ouvisse no meu canto as tontas entrelinhas que silenciei por ti não pense que gastei as horas que levei a costurar o vento queimei tantos rastilhos que só explodiam lá no nunca mais arrepiei caminhos que me levariam mais que o pensamento fiquei vendo navios vivos e esquivos num imenso cais o mais imenso cais querendo o teu regaço que num minuto virtual você me lesse não me esquecesse adivinhasse enfim não desistisse mais de mim e ouvisse no meu canto as tontas entrelinhas que silenciei por ti prometo rios de leite com seus afluentes uma foz e o mar aceno com presentes que só o próprio tempo pode adivinhar se acaso eu te sentir a ponto de fugir definitivamente no último segundo eu grito: pára o mundo que eu só sei te amar
10.
você quer me compreender você quer me conhecer reclama diz que eu sou indiferente de egoísta meio ausente me chama você diz que é pouco amor que eu só sei te dar valor na cama e que as nossas diferenças vão ficando tão imensas exclama sem a comunicação não existe mais paixão e dói mas se você quer saber o que eu tenho a lhe dizer me diga se você não quer quem sou eu sou quem te conquistou se liga vê se existe amor bastante que nos faça descobrir as pistas e seremos semelhantes no abismo em que cair a ficha o que eu tenho a lhe dizer só você pode entender e só
11.
na oração que desaterra......................... a terra, quer deus que a quem está o cuidado ... dado, pregue que a vida é emprestado ............ estado, mistérios mil que desenterra ................... enterra. quem não cuida de si que é terra ........... erra, que o alto rei por afamado ..................... amado, é quem lhe assiste ao desvelado ............ lado, da morte ao ar não desaferra ................. aferra. quem do mundo a mortal loucura .......... cura à vontade de deus sagrada .................... agrada firmar-lhe a vida em atadura .................. dura. ó voz zelosa que dobrada ....................... brada, já sei que a flor da formosura ................ usura, será no fim dessa jornada ...................... nada.
12.
com que lábios te beijei lábios de amor lábios de atriz com que lábios eu te quis com que chorei e ris com que lábios me pintei com que lábios fui feliz e depois nem perguntei com que paixão deixei levar entreguei o coração ao turbilhão do mar nas lágrimas que derramei de mim pra mim em espetáculo me dei mirei no teu espelho e vi o espelho de ninguém mas na lábia pequena em que me descobri da boca de cena nasci pra grande lábia de viver o gozo de existir e com você saber enfim que sim: fingir fingir fingir e atingir o ser (de atriz)
13.
se meu mundo cair então caia devagar não que eu queira assistir sem saber evitar cai por cima de mim quem vai se machucar ou surfar sobre a dor até o fim? cola em mim até ouvir coração no coração o umbigo tem frio e o arrepio de sentir o que fica pra trás até perder o chão ter o mundo na mão sem ter mais onde se segurar se meu mundo cair eu que aprenda a levitar

about

INDIVISÍVEL capa fosca e encarte azul brilhante

credits

released June 17, 2011

Produzido por Alê Siqueira
Produção executiva _Sergia Percassi
Arranjos _Zé Miguel Wisnik, Arthur Nestrovski, Marcio Arantes, Marcelo Jeneci, Swami Jr, Sergio Reze, Alê Siqueira
Gravação e mixagem _Carlos (Cacá) Lima – estúdio YB (SP)
Gravações adicionais _Ricardo Moska e Maurício Gargel, estúdio Na Cena (SP); _estúdio Monoaural (RJ); _Paulo Lepetit, estúdio Outra Margem (SP)
Masterização _Carlos Freitas, estúdio Classic Master
Projeto gráfico _Elaine Ramos
Produção gráfica _Letícia Mendes

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indivisível São Paulo, Brazil

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